quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carta de Agrdecimento

CARTA DE AGRADECIMENTO


Nós somos tecidos com o mesmo tecido com que se tecem os sonhos;
nossas curtas vidas são cercadas de sonhos.

William Shakespeare, A tempestade


Os membros da Coordenação da Comissão Pró-Construção da UFOPA nomeada pelo decreto nº 709/2009, de 16 de outubro de 2009 e destituída em 04 de dezembro de 2009, por ato do prefeito municipal vem por meio desta agradecer a todos os cidadãos obidenses que de alguma forma contribuíram com os trabalhos da comissão, desde que esta foi constituída a partir de uma assembléia popular realizada no dia 13 de outubro de 2009. Em especial aos senhores Miguel Imbelloni, Adnaldo Imbelloni, Eudes Silva, Giovani Giordano, Comunidade Escolar José Veríssimo, Rosa Silva, Marcos Moda, Ernesto Gallati, Leonardo Corrêa, Márcio Rubens, Nazaré Gomes, e outros anônimos que doaram ou manifestaram o desejo de contribuir e se unir num grande mutirão para a construção da UFOPA e que tiveram sua vontade cerceada. QUANTO A ESTA COMISSÃO, ABDICAMOS DE NOSSOS PRÓPRIOS AFAZERES PARA NOS DEDICARMOS A ESSA CAUSA NOBRE E HISTÓRICA PARA O NOSSO MUNICÍPIO.


É relevante esclarecer que apesar do pouco tempo que tivemos a frente desta missão não ficamos inertes, trabalhamos muito e avançamos progressivamente, e mais poderíamos ter feito se o apoio do poder público, fundamental para que tivéssemos êxito, não nos fosse negado, se os acordos tivessem sido cumpridos, inclusive no tocante ao fechamento de escolas quando a Assembléia popular já havia deliberado pela construção de um espaço, e pela busca de uma alternativa que evitasse o fechamento de escolas, se as informações verídicas tivessem chegado até nós. Exemplo desse descaso é que o espaço prometido para funcionamento da comissão não nos foi entregue, não tivemos acesso as contas destinadas a arrecadação de doações, a legalização do terreno de 25 hectares prometido pelo poder público para construção do prédio da UFOPA não foi levada a termo, e inúmeros outros entraves.

A comissão apesar das dificuldades enfrentadas e não por incompetência veio sim fazendo expressivas arrecadações que estamos devolvendo aos doadores e agradecendo a sociedade obidense que muito contribuiu para a construção da universidade no município, somamos ao final: 19.500 mil tijolos, 300 sacos de cimento, 10 carradas de pedra, 2 mamotes, um computador, 1 mês de salário do prefeito de Óbidos, a disposição da banda “brisa show” e das doações em contas correntes somam, segundo informações do próprio prefeito, apenas no banco do brasil, há depósito no valor de R$80,00 (oitenta reais). nós não nos desviamos do nosso compromisso que era: “ARRECADAR PARA AJUDAR O PODER PÚBLICO A CONSTRUIR A UNIVERSIDADE E NÃO PERMITIR O FECHAMENTO DE NENHUMA ESCOLA NO MUNICÍPIO”. ENTRETANTO ARRECADAR RECURSOS PARA CONSTRUIR, QUANDO JÁ SE TEM UM PRÉDIO (ESCOLA) PARA ABRIGAR A UNIVERSIDADE SE TORNA PRATICAMENTE INVIÁVEL, POIS QUEM DOARIA QUANDO HÁ A PERSPECTIVA DE FECHAR UMA ESCOLA PARA A VINDA DA UNIVERSIDADE?

A comissão nunca trabalhou contra a vinda da universidade, pelo contrário, nós queríamos é dar à universidade juntamente com a prefeitura e a sociedade obidense uma casa nova, pois, entendemos a necessidade de construir num espaço em que ela possa expandir, sem com isso precisarmos sacrificar nenhuma escola ou nossas crianças.

Igualmente grave foi a forma desrespeitosa com que os membros da comissão foram tratados pelo poder público municipal, porquanto a despeito dos mesmos estarem empenhados num trabalho de forma voluntaria e despretensiosa foram informados por um órgão de comunicação da destituição da comissão, no momento em que membros da comissão estavam reunidos com o Reitor da UFOPA – a quem tivemos de recorrer em busca de esclarecimentos. E mais, os mesmos foram acusados de “macular o nome de Óbidos!” certamente referindo-se ao pedido de esclarecimento, solicitado ao Magnifico Reitor, entretanto qualquer leitura acurada do texto em exame, constatará que o mesmo representa a legítima preocupação com a implantação da UFOPA em Óbidos e que os fatos apresentados não estão desvinculados da realidade.

Os autores do pedido de esclarecimento nada de novo relatam. Comentam-se fatos que fazem parte da história desta cidade. Lamentáveis, lastimáveis e deploráveis, mas também inqüestionáveis.

O Direito de ser informado e receber esclarecimento é o que permite acompanhar o que se passa nos Órgãos estatais, devassando o que muitas vezes está oculto e sonegado aos olhos do povo, permitindo a sociedade acompanhar fatos e atos de seu interesse e acautelar-se de possíveis atitudes temerárias.

A censura ao direito de informação não orna com a democracia, porquanto, são as ditaduras que sustentam suas leis pelo uso da força, da repressão, da imposição do silêncio. Ao revés as democracias sustentam-se no diálogo franco e aberto, no questionamento crítico de sua ordem vigente, na pluralidade de opiniões como uma das premissas para o exercício da cidadania. Nas ditaduras um grupo restrito impõe a maioria as suas opiniões calando os incômodos. Nas democracias os temas, ainda que embaraçosos, são discutidos a fundo de maneira transparente por todos os interessados.

Mais não será uma decisão administrativa que nos afastará da luta pela implantação de um campus universitário em Óbidos, que não seja fruto de remendos e improvisações, mais um espaço digno da grandeza de nosso povo e fruto do nosso esforço e do amor pela nossa terra. Pois antes de sermos integrantes de uma comissão somos obidenses.

Não aceitaremos viver sitiados em nossa terra e nem aceitaremos grilhões e censuras como se as mazelas do nosso tempo fossem superiores as nossas forças nem acabaremos por sentenciar: "é assim mesmo, não tem jeito, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance!", porquanto, é preferível antes “morrer de pé do que viver de joelhos”.

A essa atitude falará, com maior sensibilidade, por nós o poeta Eduardo Alves da Costa, “No caminho, com Maiakovski", Eis:

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. (...)

Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras. Mal sabe a criança dizer MÃE e a propaganda lhe destrói a consciência. A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne aparecer no balcão. Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar, que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio. Mas ao tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder mas sempre o temos contra nós.

Dizem-nos que é preciso defender nossos lares mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores. Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita – MENTIRA”

A todos os nossos agradecimentos



A Comissão Pró Construção da UFOPA / Óbidos

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